Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Desde o início do ano passado, 19 famílias de índios caingangues que fixaram residência por mais de seis anos em um terreno próximo à rodoviária estão sendo realocadas para o distrito de Arroio Grande, na Estrada dos Canudos, distante 10 quilômetros do Centro. No entanto, se a nova habitação oferece mais espaço entre as casas e propicia plantação e criação de animais, não tem água encanada, energia elétrica nem escola para as crianças. Os acessos não estão em boas condições e, em dias de chuva, a dificuldade para os veículos chegarem até a localidade é notória.
Diante da precariedade estrutural, as 16 famílias que já se mudaram tentam alertar as autoridades para que o problema seja solucionado. Soeli Mineiro, esposa de Natanael Claudino, cacique da tribo, reivindica escola, luz e água aos mais de 60 índios caingangues.
- Nossas preocupações são com a escola, que não está pronta ainda, como luz e água, que estamos pegando de um vizinho. Tudo está bem demorado. E, cada vez que vamos lá, nos falam em licitação para liberar o dinheiro. O o tempo vai passando, e seguimos sem resolver. Está bem difícil também para os carros chegarem aqui porque a estrada é ruim - explica Soeli.
Segunda ela, a maioria dos índios gosta do novo local, que oferece condições de plantar, fazer artesanatos, criar porcos e galinhas. Mas ela salienta que as carências estruturais precisam ser resolvidas. Um funcionário da Emater esteve no terreno situado no distrito de Arroio Grande e prometeu a construção de um poço artesiano. Porém, não há um prazo para a obra.
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Para Rossana Schuch Boeira, procuradora-geral do município, os últimos temporais seriam um dos motivos para a precariedade das estradas de acesso.
- Eu não saberia dizer, exatamente, o que falta. Não sei se eles têm luz. Na última reunião do ano passado, ficou acordado que essa transição deveria ser feita em época de férias das aulas, e que o município arrumaria a estrada que dá acesso ao local. Mas acredito que, novamente, ela está sem condições em função dos temporais. O saneamento básico é o mesmo de todo o interior do município, água de poço e fossa séptica - afirma Rossana.
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
ANTIGO TERRENO
Assim que o terreno próximo à rodoviária for totalmente desabitado - isso tem até o final de março para ocorrer -, ele volta a ser de posse dos antigos donos. A negociação para a retomada do espaço no Bairro Nossa Senhora de Lourdes envolveu o abatimento de dívidas com o Executivo, como IPTU. Em contrapartida, os propritários adquiriram o novo local de moradia dos índios em Arroio Grande.
PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES
- Água potável
- Energia elétrica
- Escola para as 39 crianças que moram na nova localidade
- Melhoria das estradas que dão acesso a nova aldeia